Lições de mochilão

  • Nada melhor para se sentir em casa do que ficar em casa. Quando se viaja, não se deve querer encontrar aquilo que já se conhece. É lugar comum dizer que não há lugar melhor que o lar. Nunca um outro lugar vai ser tão confortável quanto aquele em que você se criou, por isso, quando sair dele, tente absorver e aproveitar justamente o que “o novo” tem de diferente. Comparações geralmente só vão gerar sentimentos negativos.

  • Evite ao máximo as generalizações apressadas (isso é uma coisa que eu luto muito para conter nos meus comentários, mas nem sempre consigo). Saiba ter a humildade de reconhecer que apenas alguns dias, em alguns bairros de algumas cidades não lhe dão autoridade e conhecimento o suficiente para julgar um povo e um país pelos hábitos de algumas pessoas que você viu ou por alguma estória que você escutou numa mesa de restaurante.

  • Não desista só porque a primeira pessoa para quem você perguntou alguma coisa disse que não, não seria possível, ou não, não naquele dia não haveria. As pessoas incrivelmente tendem a dar a resposta mais fácil – a negativa –, para não se comprometer. Saber que existe, que tem, que é possível, exige conhecimento – coisa que os locais nem sempre têm, porque as coisas que interessam a você nem sempre fazem parte do cotidiano deles. Quem nunca ouviu falar de alguém que nasceu e cresceu no Rio de Janeiro mas nunca subiu ao Cristo Redentor???

  • Turista e mochileiro são coisas completamente diferentes, que só a experiência vai demonstrar. O mochileiro corre atrás da informação e do que fazer, o turista corre atrás do guia ou do que o agente lhe mandou fazer. Isso não significa que você não possa se valer de uma agência de turismo para comprar passagens, reservar albergues, adquirir um seguro de viagem. A diferença está na iniciativa e na independência – você decide o que fazer (pode se valer das dicas do agente, até), como, onde e por que. Às vezes vale a pena ter alguém profissional para intermediar, sob seu comando, alguns preparativos de viagem, até porque se der algum problema, você pode responsabilizar (juridicamente) essa pessoa.

  • Viajar sozinho, com amigos, com namorada, com família, com grupos grandes, com grupos pequenos são experiências completamente diferentes. Uma viagem para um mesmo lugar pode ganhar conotações muito diferentes e gerar resultados tão diversos que nem se tem como imaginar, conforme se faz essa viagem. Nenhuma delas é ruim ou boa, se você não tiver experimentado antes.

  • Aprenda a respeitar o seu ritmo. Se você quiser acompanhar os mais apressados, certamente vai se cansar ou se arrepender porque não aproveitou como deveria. Descanse, se sentir vontade, mas saiba conciliar isso com o fato de que você está tão longe de casa e provavelmente gastou tanto que sempre vale a pena fazer um esforcinho a mais para conhecer novas coisas.

  • Evite maratonas. Faça seu roteiro privilegiando menos cidades com mais dias em cada uma delas, conforme o interesse por elas. As melhores lembranças de viagens que tenho são justamente aquelas partes em que fui além do roteiro básico e comecei a descobrir coisas que não estavam nos guias nem nos cartões postais que a gente vê por aí. Além disso, você evita perder muito tempo com deslocamentos, check out e check in, carregar todo peso de sua mochila completa para lá e para cá, etc.

  • Deus protege as criancinhas, os bêbados e os mochileiros. No final, por incrível que pareça, tudo sempre dá certo!

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