Bratislava - Parte II

A imagem de Bratislava fora da Europa Central não é das melhores, justamente pelo desconhecimento que se tem acerca dessa cidade. As únicas três vezes em que eu já tinha ouvido falar dela, a não ser pelo fato de ser capital de um país formado a partir da Tchecoslováquia, não diziam nada de bom a seu respeito.

A mais famosa referência é o filme "O Albergue" do Tarantino. A cidade é retratada como uma armadilha para mochileiros, que vão para lá por causa da mulherada e acabam na mão de uns sádicos. Outra é numa comédia de high school americana, cujo nome não lembro, em que um carinha decepcionado com a vida por ter sido traído pela namorada decide embarcar num mochilão com amigos pela Europa, procurando encontrar uma pessoa com quem só conversava pela internet. No filme, eles são assaltados e pegam carona com um caminhoneiro alemão, que vai para um sentido completamente diferente daquele que eles entenderam, amanhecendo em Brastislava, que aparece no filme como uma cidade ao pior estilo "Albânia" ou "Romênia", mas que em seguida se revela uma boa opção para quem tem alguns trocados em dólar. A terceira referência era de um amigo, que comprou um CD exótico de uma bandinha pop chamada "Bratislava Boys" - horrível.

A cidade, no entanto, é bem legalzinha, muito bonita e limpa. O turismo já está mostrando sua força por lá, especialmente na parte mais central.

Depois de passar pelo castelo, comecei a caminhar pelo centro histórico de Bratislava. A maioria das ruas foi transformada em calçadões para pedestres.

Quanto mais tarde ia ficando, mais as ruas iam se enchendo de gente de fora. As mesinhas dos bares espalhadas pelas calçadas aumentavam na mesma proporção.

A região não é muito grande; dá para ver quase tudo o que é mais importante em apenas algumas horas, se a intenção não é entrar para conhecer o interior dos prédios públicos.

O ponto mais central desse centro histórico é a Praça da Prefeitura (Stará Radnica námesti), que é essa que aparece na foto abaixo.

Desse ponto mais central, a parte histórica se estende por um raio de cerca de três quadras para todos os lados.

Se a intenção é conhecer esse lugar vindo de outros, o melhor é descer do bonde na Zupné namesty, para fazer o resto a pé.

Caminhando por ali, tem-se a impressão de estar num lugar com muita importância cultural e história - embora a ignorância generalizada com relação à Eslováquia não permita entender muito o que significa cada coisa.

Os pontos que mais chamaram a minha atenção nessa região foram o Primacialny palác (Palácio primaz) e a Michalská Veza (Torre de São Miguel), que são esses dois das fotos abaixo.














Contudo, uma das coisas mais interessantes que eu vi na cidade foram as estátuas inusitadas espalhadas pelo centro, sendo a mais legal essa da foto abaixo. Eu já tinha visto essa imagem em alguma revista de turismo, mas quando dei de cara com ela na rua cheguei a achar graça sozinho. Onde é que já se viu uma estátua de um sujeito saindo de um bueiro?

Cada um tem uma explicação para o que significa essa estátua. Uns dizem que é uma homenagem aos mineiros que trabalhavam nas minas que eram a principal atividade do país até algumas décadas atrás. Outros dizem que na verdade é um sujeito se escondendo no tempo da guerra.

A versão mais simpática, no entanto, é a de que se trata de um trabalhador de obras subterrêneas que se aproveita da posição para ficar olhando para as mulheres que passam na rua, com uma visão privilegiada.

Esse foi o ponto mais disputado pelos turistas para tirar fotos que vi na cidade. Havia alguns fazendo fila para tirar foto deitado ao lado da estátua e, alguns metros dali, uma "estátua viva" tentando ganhar algum dinheiro imitando o original.

Depois de umas boas horas caminhando, providenciei um lugar para jantar por ali mesmo, no centro histórico. Pela primeira vez, estava eu jantando sozinho na Europa, num lugar cheio de gente conversando. Não deixa de ser estranho e confesso que fiquei me sentindo meio perdido.

Não demorei muito, pois já estava escurecendo (eram umas 20hs) e queria ir até a ferroviária a pé, vendo o que mais havia pelo caminho.

Logo depois de passar pela praça que fica no limite norte da parte histórica, dei de cara com o Palácio Presidencial da Eslováquia, que é essa da foto ao lado.

Atrás dele, há um grande parque, cheio de crianças brincando e gente levando cachorro para passear. Mais para cima, em direção à estação, existem algumas áreas mais abertas, com jardins e parques, também cheios de gente fazendo um cooper ou simplesmente caminhando.

Não demorou mais de meia hora para que eu chegasse de volta à estação ferroviária. Dali, foi só esperar uns 20 minutos e o meu trem de volta a Viena já chegou. Como costuma acontecer na maioria das vezes, a viagem de volta pareceu bem mais rápida, porque não havia a expectativa do desconhecido no final dela.

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