Do Rio Grande ao Pantanal

Nossa viagem a Machu Picchu começou numa sexta-feira, dia 20/12/02, às 8h30. Saímos de Santa Maria (RS) num ônibus da Planalto Turismo, com o qual faríamos a conexão com outro da Eucatur, em Carazinho (RS). Chegamos atrasados, mas o ônibus que tínhamos que pegar demorou ainda mais. Foi lá que almoçamos.

O ônibus que seria nosso transporte até Campo Grande (MS) era mais um daqueles que fazem a ligação entre o Rio Grande do Sul e o Mato Grosso, cheio de parentes de pessoas que foram para lá plantar soja. O desconforto é inevitável numa viagem de mais de 24 horas.

No percurso, passamos pelo oeste de Santa Catarina, em cidades como São Miguel d'Oeste, São José do Cedro. No Paraná, entrando por Barracão, passamos por Cascavel, Toledo e Guaíra.

A fronteira com o Mato Grosso do Sul é marcada pela ponte fluvial mais longa da América Latina, que levou mais de década para ficar pronta. Como cada lado começou de um jeito, no meio ela se encontra e faz uma curva. Devia ser meia-noite quando passamos por lá.

Pela manhã, o café da manhã foi num posto de gasolina em Naviraí. Para quem sai do Sul, aqui começam os contrastes: índios nas margens da rodovia, muita simplicidade nos restaurantes, grandes extensões tão planas que o horizonte fica uma linha reta perfeita. E calor, muito calor...

Chegamos a Campo Grande (MS) ao meio-dia. Almoçamos na rodoviária mesmo, logo que encontramos o Giórgio, que tinha chegado de Floripa para se juntar ao grupo. Logo que comemos, procuramos o meio mais rápido e barato de ir para Corumbá (MS), na fronteira com a Bolívia.

Conseguimos uma passagem para as 15hs, numa viagem que duraria mais 6hs. Lembro que foi bem caro. Tenho aqui anotado que a passagem entre Santa Maria e Campo Grande custou R$ 90,00 e durou mais de 30hs, enquanto que aquela só duraria 6hs e custava R$ 42,00.

Pelo pouco tempo que tínhamos, o máximo que fizemos em Campo Grande foi dar umas voltas nos entornos da estação rodoviária (que por sinal não é um local muito agradável para se ficar - pequena, tumultuada, cheia de lojinhas e camelôs, quente). A passagem que compramos, junto à empresa Andorinha, dava direito a esperar numa "sala vip".

O ônibus para Corumbá não tinha ar condicionado. Janelão aberto, sol a pino, o jeito era aproveitar a paisagem. Logo que se sai de Campo Grande, não tem muito o que ver. Em Miranda (MS), o ônibus pára para um lanche e aí já se podem ver turistas estrangeiros visitando o Pantanal. No trevo de Miranda, há um "monumento" com umas garças e tal, dizendo "Bem-vindo ao Pantanal". Valeu uma foto, pelo menos.

A partir daí, a viagem se torna mais interessante. Como já era fim de tarde, podiam ser vistos jacarés pertinho do acostamento. Não tem poça d'água que não tenha algum bicho naquela região, sejam tuiuius, garças, veados ou os jacarés.

Alguns quilômetros antes de Corumbá, cruza-se uma ponte sobre o Rio Paraguai (que ao contrário do que muitos imaginam, não marca a fronteira internacional nesse ponto, pois geograficamente a região de Corumbá seria boliviana - politicamente é que acabou sendo brasileira).

Chegando em Corumbá, o que mais queríamos era tomar um banho, coisa que não tínhamos feito havia pelo menos 40hs.

Comentários

SANDRA FERREIRA disse…
Adorei este post, dificilmente alguém descreve tão bem uma viagem.
Sou de Santa Maria também.
Abraço.
A. A. Cella disse…
Muito obrigado pelos elogios, embora pense que não os mereça. Espero que goste do resto do blog!

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