Machu Picchu


Não é meu objetivo tratar aqui de detalhes sobre as ruínas da cidadela de Machu Picchu, informações que podem ser facilmente obtidas na internet, como por exemplo no verbete daquele sítio no Wikipedia. Também acho que muito do que se vê e se aprende só tem importância para quem esteve lá.

Algumas coisas, no entanto, acho interessante comentar.

A primeira que me vem à cabeça é que, ao contrário do que imaginamos aqui no Brasil, aquele "c" na palavra "Picchu" não é mudo na pronúncia correta do nome das ruínas. Os locais falam "Mátchu Píktchu".

Outra coisa que não imaginamos, a não ser depois de lermos mais a respeito ou de ouvir a informação dos guias, é que a cidade não é tão antiga quanto se pensa. Estima-se que tenha sido construída por volta de 1450, ou seja, apenas 50 anos antes da chegada dos espanhóis. Nesse ponto, embora seja uma das coisas mais legais para se conhecer no mundo, nem se compara em antigüidade com as Pirâmides do Egito, o Coliseu Romano, a Muralha da China ou mesmo muitas catedrais da Europa.

O que desperta o interesse sobre o lugar é justamente o mistério que o envolve. Ninguém sabe com certeza absoluta para que servia a cidade, sendo que tudo o que se diz são especulações históricas baseadas em pesquisas feitas posteriormente. Os incas não usavam a escrita e boa parte da tradição oral se perdeu com a dominação espanhola e a matança de milhares de indígenas. É surpreendente que o lugar tenha permanecido escondido por mais de 400 anos, até que tenha sido revelado ao mundo oficialmente apenas em 1911, por um explorador americano Hiram Bingham, precedido apenas por uns arrendatários de terras vizinhas.

Voltando à nossa visita a Machu Picchu, o que tenho que dizer é que, embora a experiência de vê-la à distância, ainda vazia, tenha sido muito boa, o mesmo não posso dizer dos momentos que se seguiram à abertura dos portões de acesso às ruínas. Toda aquela tranqüilidade e contemplação de 4 dias de Trilha meio que se desfaz, de uma hora para a outra, com a visão de centenas de pessoas enfileiradas, seguindo uns guiazinhos com uma bandeirinha na mão, fazendo barulho e soltando expressões de admiração pela primeira visão que tiveram do lugar.

São na maioria japoneses e americanos, um pessoal bem mais velho, atrolhados de máquinas super-modernas, fazendo um espalhafato para cada foto de grupo que tiram, preocupadíssimos em não se perder dos demais integrantes. Fica aquela impressão de que tudo aquilo ali está se tornando um pouco de Disneylândia. Conversando com outros amigos que já foram para lá, a impressão parece ser meio generalizada.

Acho que a sensação que tive talvez tenha sido maximizada justamente por causa da relativa distância da civilização que se fica na trilha e do choque que o retorno a ela causa.

Mas, depois daquele "ruim" inicial, a gente acaba absorvido pelo lugar e pela vontade de explorar cada cantinho. Como já disse no post anterior, é muito bom acompanhar alguém que explique as coisas mais importantes, para não deixar passar em branco muito do que Machu Picchu tem a revelar.

Acredito que tenhamos passado umas 5 ou 6 horas lá. Tem que guardar uma boa disposição depois de todos aqueles dias de caminhada para subir e descer os terraços que compõem a cidade. A altitude não é tão grande para quem já se acostumou a ela (cerca de 2400m acima do nível do mar), mas mesmo assim não pode ser ignorada. Lembro que um dos guris teve sangramento no nariz enquanto estava lá - sintoma da puna.

Pelo cansaço, não fiz a subida ao Huayna Picchu, montanha que fica bem no meio da cidade (só o Giórgio fez do nosso grupo). Para ir até lá, a pessoa tem que deixar dados pessoas e contatos, por ser muito perigoso o caminho até lá em cima. Há limitações de horário também: não se pode começar a subida depois das 16hs, para que que não escureça antes da descida e da saída do parque. Não há como acampar dentro do sítio histórico e logo que chega a noite as pessoas devem ir embora.

Após conhecermos as ruínas, estava combinado um encontro em Aguas Calientes, num restaurante, para a definição do hotel do pernoite naquele povoado e para a entrega dos tickets de retorno a Cusco (por trem).

Comentários

Anônimo disse…
Olá, gostei do seu blog! Pode me ajudar com algumas dúvidas?
Sou do RJ, Petrópolis.
Quero ir a Machu Picchu até mês q vem.
Queria saber o limite de pessoas para ir ao Machu Picchu por dia.
E quanto custa mais ou menos a hospedagem e se eu fosse subir de trem no caso.
Não planejo ir através de agência de turismo.
Agradeço sua atenção desde já.
A. A. Cella disse…
Respondi no tópico "entrando em Machu Picchu"!

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