Fronteira peruana
Logo que terminamos o passeio à Isla del Sol, em Copacabana, tratamos de tomar um transporte até a fronteira, que fica a uns 6km do centro da cidade, num lugarejo chamado Kasina. Era uma van lotada, daquelas utilizadas pelos locais, ao preço de mais ou menos R$1,00.
Em alguns minutos, chegamos até a migração. Do lado boliviano, a complicação recaiu sobre o Giórgio. Diziam que o visto dele estava errado e que não poderia sair do país sem mostrar a "tarjeta" que ele teria recebido na entrada. De fato, os nossos 3 passaportes diziam "s/t", ou seja, "sin tarjeta" sobre o carimbo, mas o dele não.
Depois de começar em 50 dólares, a propina acabou saindo por 15 bolivianos, ou seja, menos de R$10,00.
Passamos a pé a cancela que marca a fronteira propriamente dita e entramos na Migração Peruana. Preenchemos um cartão e ganhamos o carimbo no passaporte. Achamos que estava tudo certinho, mas ao sairmos para fora da casinha da migração, um militar disse que tínhamos que passar pela revista.
Entramos o Diego e eu, mas cada um foi levado para uma sala, por um militar. O sujeito, que não devia ter mais do que 20 anos de idade, mas portava um rifle, pediu que eu abrisse a mochila e tirasse tudo que tinha dentro. Até a necessaire ele quis ver. Em seguida, disse que queria ver o dinheiro, os dólares. Nessa hora, pensei que pronto, tinha acabado ali a minha viagem. Neguei ter dólares e só mostrei uns bolivianos que levava na carteira, bem como um cartão de débito. Ele insistiu; disse que havia muito dólar falsificado por ali e que tinha que ver os meus. Neguei de novo, mas ele foi firme. Finalmente, tirei o money belt para fora e mostrei o dinheiro.
O soldado olhou nota por nota, como uma criança admirada. Até hoje não tenho certeza se, na brincadeira, ele não levou US$ 10 meus, mas não mais do que isso. Depois de olhar nota por nota, perguntou porque eu estava nervoso - respondi que era a primeira vez que passava por aquilo e que por isso achava normal ficar nervoso. Ele riu, devolveu o dinheiro e disse que estava liberado.
Na saída, encontrei o Diego, que disse ter passado por coisa parecida. Os outros dois foram mais ligeiro.
Trocamos o que ainda tínhamos de bolivianos por soles, o dinheiro peruano. Encontramos um táxi e pedimos que nos levasse até Yunguyo, cidadezinha a uns 3km de onde se tomam ônibus para Puno.
Em Yunguyo, na praça central, logo encontramos um ônibus que iria para Puno. Tínhamos decidido ir direto para Cuzco, sem parar em Puno, mas não encontramos nenhum que fosse direto.
O ônibus, parecido com aqueles ônibus escolares americanos, só saiu quando encheu - o motorista disse que se quiséssemos, podíamos "fechar" o ônibus pagando o equivalente aos lugares vazios, que então sairíamos a hora que quiséssemos. Preferimos esperar, para economizar, até porque ainda era cedo.
Sabíamos que dali 2hs estaríamos em Puno, mas não tínhamos bem certeza de onde descer. Disseram que não parariam na rodoviária e até hoje não entendo como foi que nos acordamos e descemos no lugar certo. Pulamos para fora do ônibus, baixamos as mochilas que estavam na parte de cima, por fora, e andamos uma quadra até a rodoviária de Puno, pedindo informações no caminho.
Chegando lá, 2 ficaram cuidando das mochilas e 2 saíram procurar passagens para Cuzco. Todos diziam que não havia mais naquele dia, até que uma última empresa disse que o último ônibus, que saía às 21hs, estava 15 min atrasado, e que havia lugares.
Compramos as 4 passagens e em alguns minutos estávamos congelando no ar condicionado mais forte que já vi na vida, com um filme passando a um volume ensurdecedor, mas satisfeitos por termos conseguido fazer a "conexão" tão certinha.
OBS: por tudo que vejo e ouço sobre viagem a Machu Picchu, acho que vale muito a pena ficar pelo menos 1 dia em Puno, onde a principal atração são as ilhas artificiais dos Uros. Como ficamos mais do que planejamos na Bolívia e como Puno não estava nos objetivos principais de ninguém do grupo, acabamos por saltá-la.
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