La Paz - a altitude
A altitude de La Paz foi um problema sobre o qual tínhamos lido bastante antes da viagem. Como eu já tinha dito num post anterior, o centro fica a cerca de 3.600m acima do nível do mar, muito mais do que o ponto mais alto do Brasil, que tem 3.014m.
Logo que chegamos, embora tentássemos, não percebemos nenhuma diferença. Caminhamos por umas duas horas com as mochilas desde a rodoviária até a escolha definitiva do hotel, sem qualquer sensação estranha.
Depois de fazer o check in, tomar banho e arrumar as coisas, saímos para almoçar na Avenida Mariscal Santa Cruz, a principal do centro, andando mais de 10 quadras, com certeza.
Assim que terminamos de comer, entretanto, o Diego começou a sentir que estava baixando a pressão. A providência imediata foi colocar um pouco de sal na língua, o que momentaneamente pareceu resolver. Logo que saímos do restaurante, no entanto, ele se sentiu mal no canteiro do meio da avenida. Encontramos uma farmácia e pedimos algo para resolver o problema. Pelos sintomas, o pessoal da farmácia não teve dúvida de que era o "mal de puna", ou "soroche", como eles chamam esse mal da montanha.
Compramos um remedinho baratinho e em alguns minutos o Diego já estava um pouco melhor.
Eu só senti a diferença mais para o final do dia. O coração parece que bate mais acelerado o tempo todo, e a coisa piora mesmo quando se sobe alguma escada ou se aperta o passo.
Na hora de dormir, parece difícil pegar no sono, pois a pessoa sente que recém terminou uma corrida - o coração não pára de bater forte.
As causas são conhecidas de quem acompanha jogos de futebol de eliminatórias sul-americanas e Libertadores, pois a imprensa não se cansa de falar do assunto. Como a cidade é mais alta, o ar é mais rarefeito. Há menos oxigênio disponível, então o corpo precisa respirar mais para conseguir a mesma quantidade que teria à disposição no nível do mar. Quem fica mais tempo nessas condições, passa a produzir mais glóbulos vermelhos no sangue, o que otimiza o aproveitamento do oxigênio e acaba normalizando a situação. Quem chega com poucos glóbulos, sofre as conseqüências.
Antes de viajar, li também que essas condições podem determinar o aparecimento de dor de dente, se a pessoa já tinha alguma cárie ou algum problema latente.
Uns dois dias depois da nossa chegada, novamente alguns problemas aconteceram. O nariz de 2 do grupo começava a sangrar do nada - a causa era a mesma.
Aquela sensação de coração acelerado não dura tanto. Acredito que lá pelo terceiro dia não tenha mais sentido isso tão forte.
Ruim mesmo foi a sensação ao subir a 5.200m de altitude, na estação de esqui de Chacaltaya, a uns poucos quilômetros de La Paz. Cada passo se torna difícil, especialmente em subidas. A cada 5m, sentia-me obrigado a parar uns segundinhos para respirar mais forte. Depois de umas 2hs nessas condições, a dor de cabeça veio bem forte, junto com uma sensação de enjôo.
Tudo que é guia de turismo e livro recomenda mascar folha de coca ou tomar chá feito dessa mesma folha. O produto é barato e se vende a granel nas ruas. Os locais estão sempre mascando. Até fizemos isso, tanto enquanto caminhávamos na cidade como na descida do Chacaltaya. Para falar a verdade, não senti diferença nenhuma. A folha, mascada, libera um gostinho parecido com pasta de dente, mas logo começa a ficar empapada e parece que se está mascando erva mate. Não se deve engolir, pois dizem que dá dor de barriga.
Na viagem de ônibus que fizemos entre San Pedro de Atacama (CHL) e Salta (ARG), na qual se cruzam altitudes de mais de 4000m, os motoristas passavam distribuindo doces para as pessoas, dizendo que o açúcar também ajudava a agüentar os efeitos da montanha.
Outro efeito curioso da altitude, especialmente quando se passa de um lugar alto para outro mais baixo em curtos períodos de tempo, é que os frascos de líquidos inflam ou se espremem. Isso acaba fazendo vazar shampoos, frascos de gel, perfumes e cantis. Portanto, embale-os bem, para não acabar sujando toda a roupa.
Comentários
Parabéns!!!!
Um grande abraço
Cailo