La Paz - os passeios
La Paz recebe a maior parte dos turistas estrangeiros que vêm à Bolívia. Na região dos hotéis e albergues mais utilizados por mochileiros, é comum encontrar muitos europeus (especialmente ingleses, alemães e escandinavos), israelenses, americanos, argentinos e brasileiros. Muito pouco se vêem grupos organizados; são quase todos independentes mesmo.
A cidade, em si, tem uns 860mil habitantes. El Alto concentra população semelhante, formando uma conurbação com número de habitantes semelhante ao de Santa Cruz.
Outra curiosidade é que ela não é, formalmente, a capital do país, muito embora o Congresso e a Presidência tenham a cidade como sede. Sucre é a capital constitucional e a sede do Judiciário, mas a condição de capital política de fato parece irreversível, desde que um presidente paceño trouxe o governo para ela.
CENTRO
O primeiro passeio que fizemos foi um city tour à pé, passando pelos principais pontos turísticos do centro (sem guia). Começamos no início da tarde, logo depois do almoço narrado no post anterior.
Descendo a Calle Sagarnaga, que concentra agências de turismo e hotéis, chegamos à Iglesia de San Francisco, cuja esplanada é um dos cartões postais de La Paz. Construída entre os séculos XVI e XVIII, é uma mistura entre estilos espanhóis e americanos, chamando a atenção o tamanho e o peso de seus portões.
Um passeio pela Av Mariscal Santa Cruz (que muda de nome para Montes, 16 de Julio e 6 de Agosto ao longo do percurso) também vale a pena, para ter uma idéia da parte mais nova da cidade. Há uma grande estátua de Bolívar numa rótula.
Subimos para a parte onde se concentram os prédios políticos da cidade. O primeiro que se vê é o Banco Central, bastante moderno e destoante do resto. Ao lado, fica a Vice-Presidência, que tem também uma biblioteca pública.
Uma ou duas quadras acima, a Plaza Murillo (Plaza de Armas da cidade), que concentra a Catedral Metropolitana, a Presidência e a sede do Legislativo.
Plaza Murillo, com a Catedral e parte do Palácio Presidencial
O prédio do Congresso se chama Palacio Quemado, e é o mais interessante da região. No centro da praça, há várias estátuas e monumentos em homenagem à cultura e à história do país. O palácio presidencial, por sua vez, tem sacadas pelas quais o Evo Morales aparece, hoje em dia, para seus inflamados discursos.
Era dia de Natal quanto estávamos lá, o que explica a grande quantidade de gente, na sua maioria locais, passeando com os filhos. Ao lado da praça, havia gente distribuindo comida para os pobres, o que gerava longas filas atrás de vans contendo os alimentos.
Daquela região, partimos para algumas voltas por ruas mais comerciais, onde tivemos a primeira opotunidade de mascar folhas de coca.
Em seguida, fomos para o Parque Laikacota, que fica numa parte mais alta, com uma grande escadaria para chegar até lá. Estava bastante cheio, por ser feriado. Dá para se ter algumas vistas dos prédios mais altos. O Nevado Illimani é quase onipresente quando se olha um pouco para mais longe.
CHACALTAYA E VALLE DE LA LUNA
Depois de cansar de tanto andar pela cidade, voltamos para a região do hotel e arranjamos o passeio do dia seguinte, numa agenciazinha na Sagarnaga. Por algo em torno de 20 reais, contratamos o passeio do Chacaltaya, que traz como brinde o Valle de la Luna (quase todos os pacotes são assim).
Uma van da agência nos pegou na hora marcada em frente ao hotel. Depois de recolher mais turistas em outros pontos, subiu para El Alto, dando a oportunidade de comprar lanches no comércio local.
Em seguida, a van começa a passar por estradas de terra que contornam a parte alta de La Paz, proporcionando excelentes vistas da cidade. Muitas lhamas no caminho chamam a atenção.
O Chacaltaya é um pico com neves eternas que tem 5300m no ponto mais alto. Abriga a estação de esqui mais alta do mundo, mas só há neve suficiente para a prática de esportes no período mais frio, ao redor de julho. Foi meu primeiro contato com neve na vida, por isso me marcou bastante. Além disso, há vistas muito legais na estradinha de terra, em mão única, que vai serpenteando morros para chegar até lá. Além do mais, tem a questão da experiência única de testar seu corpor a mais de 5000m de altura, coisa que você dificilmente faria em qualquer outro lugar do mundo, com exceção do Himalaia.
Depois do Chacaltaya, o grupo desceu para o Vale da Lua, do outro lado da cidade.
Essa parte é um lugar aparentemente inóspito, cheio de formações rochosas cobertas apenas de argila, o que faz com que o lugar esteja em constante mutação. É bem perigoso, pois não há muita proteção e há buracos de mais de 50m de profundidade. Curioso ver que algumas pessoas sem teto se abrigam em buracos nas partes mais baixas.
As pessoas ficam pequenas perto da imensidão do lugar. Geralmente há índios tocando músicas típicas em partes altas, o que dá um ar especial ao passeio, já que o som ecoa por tudo.
Depois de voltarmos à cidade, fomos em busca do passeio para o dia seguinte. O Giórgio tinha ouvido falar num passeio de bicicleta, em que se descem uns 2500m de altitude em apenas 88km. Era o La Cumbre-Coroico Downhill Biking, nome com o qual o passeio é vendido.
Por cerca de 35 dólares, contratamos o serviço, que à semelhança do anterior, nos buscou no hotel pela manhã com uma van. O nome da agência, se interessar a alguém, era Maya Tours, com endereço na Calle Sagarnaga, 339, La Paz. O veículo nos leva até La Cumbre, região com uma represa a 4800m de altura. Lá, pegamos cada um uma bicicleta e começamos a descida.
Os primeiros 20km são de asfalto. A paisagem é perfeita. Um grupo de ingleses disse que lembrava a Escócia. Montanhas verdejantes, com um pouco de gelo de tanto em tanto, com estradas que as serpenteiam, proporcionando vistas de vales cultivados a centenas de metros abaixo. Como é asfalto, a bicicleta corre bem mais, e acaba sendo o melhor e mais rápido trecho.
Há um túnel que termina numa parte em que há um controle do Exército. Ali, ocorrem revistas para ver se não são levadas em grandes quantidades insumos que possam servir ao refino da coca. O posto marca o início da região dos Yungas, povo autorizado a produzir folha de coca numa região delimitada.
Logo depois, termina o asfalto, e começa a parte mais perigosa. A estrada é de mão única, de terra, ao redor de montanhas, sem qualquer proteção. Há carros e caminhões descendo e subindo. Para evitar acidentes, eles buzinam antes de cada curva. Quem sobe tem a preferencial; os que descem tem que se abrigar em algum cantinho e deixar passar. Às vezes, até as bicicletas não conseguem passar.
Ao longo do caminho, paramos para um lanche. Histórias de turistas que morreram caindo de despenhadeiros surgem a toda hora, existindo cruzes com nomes para comprovar. É freqüente estourar um pneu ou entortar um aro. A van traz algumas bicicletas extras, e os caras da agência fazem a substituição.
O passeio é muito legal, uma das melhores coisas que já fiz na vida. A estrada é conhecida como a mais perigosa do mundo, e não há o que pague ter passado por ela, de bicicleta. Dos 88km, só 1 é de subida, todos os outros de descida. No caminho, há quedas d'água no meio da pista, partes mais poeirentas, outras mais cheias de pedra. Mais no final, tem-se que cruzar pequenos riachos. No final, a van espera todos e os leva para uma refeição em Coroico, alguns quilômetros adiante, com bastante subidas. Depois, volta a La Paz pelo mesmo caminho da descida.
Comentários
Fiz essa viagem em agosto de 2010 e o saldo do Downhill em Coroico foi um braço quebrado e sete pontos na cabeça... heheheh
Mas, foi ótimo! Afinal, esse probleminha só de um tempero a mais pra viagem, já que fiz a trilha inca e o resto da viagem com o braço engessado... heheheh
Parabéns pelo relato!!
Pretendo viajar a Lá Paz no mês d dezembro. Quero conhecer todos os pontos turísticos, comidas típicas, a culturaem si.
Porém não sou rico, mais estou guardado dinheiro para essa viagem.
Gostaria de te perguntar se você sabe aproximadamente o custo de uma viajem desse tipo no total.
Desde já agradeço.
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