Santa Cruz de la Sierra
Chegamos em Santa Cruz de la Sierra por volta das 18hs. Por telefone, avisei o Jorge (rapaz boliviano que conhecemos pela internet por ser DeMolay), que em alguns minutos apareceu na rodo-ferroviária para nos buscar. Antes de deixar o local, porém, já tratamos de comprar as passagens para o ônibus que tomaríamos no dia seguinte, com destino a La Paz.
Fomos recebidos por ele, seu irmão mais novo, Chichi, e a mãe, numa casa relativamente próxima ao centro da cidade. A casa tinha um padrão típico por lá: um pátio externo central, rodeado pelo quartos e demais peças da casa, como cozinha e sala, com varandas servindo como corredor.
Depois de um esperado banho (afinal, no trem o suor é inevitável), fomos para uma pizzaria, onde mais uns 6 amigos deles nos esperavam para jantar e para sair à noite.
Acabamos o dia num misto de karaoke com boate no bairro Equipetrol, o mais rico da cidade, onde se concentram as casas do pessoal de dinheiro da região (produtores de soja e gente ligada ao petróleo e ao gás), bem como as opções noturnas.
De manhã, saímos para conhecer o centro, tendo o Chichi como guia.
Santa Cruz de la Sierra, no centrão, não é muito diferente de uma cidade brasileira, lembrando um pouco Mato Grosso. Há bastante brasileiros por lá, por causa da soja. A diferença aparece na frota de veículos - quase só Corolla brancos, importados novos ou usados da Ásia - e no povo. O carro pode até estar caindo aos pedaços, mas desde que tenha buzina está apto para circular. As exceções são grandes caminhonetes importadas, conduzidas por gente de melhor poder aquisitivo bem escondida atrás de películas negras. Quanto ao povo, já se percebe o primeiro sinal de que estamos realmente naquela Bolívia que aparece na TV: algumas "cholas" carregando seus filhos nas costas, com vestidos típicos e mantas coloridas, e o inconfundível chapeuzinho de coco. Também é curioso ver alguns colonos menonitas, parecidos com os amish, com roupas que parecem do século XIX, que não se misturam à sociedade local, mas que precisam vir à cidade a negócios.
Basílica Menor de San Lorenzo, no centro de Santa Cruz
A cidade tem um centro histórico bem preservado, com traços da era colonial. Algumas calçadas são cobertas, com colunas separando a rua do passeio, ao estilo espanhol. A basílica, ou catedral metropolitana, lembra aquelas também construídas pelos mesmos jesuítas na Bacia do Prata. A praça central é conhecida por abrigar bichos-preguiça em suas árvores, os quais não se incomodam com a presença humana ao redor.
Há um museu bastante interessante sobre a história e a cultura dos índios que habitavam a região na época anterior ao domínio espanhol. Os povos retratados são inclusive anteriores aos Incas.
A cidade foi toda remodelada com base no projeto de arquitetos europeus, há mais de um século. Isso foi o que deu o formato de anéis concêntricos ao mapa da cidade, partindo da praça.
Em Santa Cruz, percebemos a nítida divisão cultural, ideológica, econômica e política da Bolívia. A cidade representa a planície: rica, em crescimento, com população mestiça predominantemente branca, revoltada contra o poder central, sentada sobre grandes reservas de gás e com quase toda a produção agrícola de caráter comercial do país. No altiplano, onde fica La Paz, predominam os índios, a estagnação econômica, a ausência de terras férteis e a falta de bons recursos naturais aproveitáveis. Fala-se em busca de maior autonomia a todo tempo, até mesmo independência.
Ao final da tarde, veio a verdade de Sta Cruz: congestionamentos por todos os lados (são mais de 1 milhão de habitantes, é a maior da Bolívia) no caminho até a rodoviária. Quase perdemos o ônibus, mas pelo menos embarcamos com a nossa ceia de Natal, já que a data seria passada no busão: um panetone e um Johnny Walker.
Comentários
Parabens!!
sou Mauricio, sou de santa cruz de la sierra, moro a três anos aqui em saõ pailo, gostomuito daqui!
lindo 2009
salve maria imaculada!