Contratando a Trilha Inca

Originalmente, pensávamos que percorrer a Trilha Inca até Machu Picchu era uma coisa para fazer por conta própria. Daí é que surgiram os planos de levar barracas, utensílios para comida, entre outros equipamentos de camping. Alguns meses antes de viajarmos, porém, descobrimos através do site Machu Picchu - Nas asas do condor (link ao lado, nos recomendados) que a coisa já não era mais bem assim.

Desde que o Presidente Alejandro Toledo assumiu, tornou-se obrigatório o acompanhamento de um guia de uma agência credenciada. Com o risco de desmoronamento progressivo das ruínas da cidade, o número total de visitantes passou a ser restringido também, exigindo-se identificação individual dos turistas, tanto para conhecer a cidade propriamente dita (com acesso por ônibus) como para fazer a Trilha. Os lugares para acampar também estão pré-definidos, sendo vedado, por exemplo, dormir em lugares onde há ruínas.

Hoje, as regras atualizadas para a Trilha Inca podem ser obtidas de forma muito fácil, através do site do Instituto Nacional de Cultura de Cusco.

Ali se descobre que, independentemente do preço que as agências propuserem, existem taxas mínimas a serem pagas, como a entrada para o Parque Nacional de Machu Picchu e a tarifa de ingresso à Trilha, com preços variando conformne a origem da pessoa (nacional ou estrangeiro), se é adulto ou estudante (com carteira da ISIC).

No menu "Sistemas Reservas RCI" descobre-se com antecedência se há ou não lugares disponíveis para os dias que se deseja fazer a Trilha. São 500 pessoas autorizadas a entrar na trilha por dia, qualquer que seja a rota percorrida.

Apenas agências credenciadas podem oferecer o serviço, mas a variedade encontrada em Cusco é tão grande que nem se sabe, direito, quem é que se está contratando e quem é que vai efetivamente fazer a Trilha com você.

A Trilha Inca também não é única. Há diferentes rotas dentro do parque nacional que podem ser feitas. As 2 mais tradicionais são aquelas que começam no km82 e no km88 da ferrovia Cusco-Machu Picchu, passando por Huayllabamba. Mais recentemente, passou-se a vender rotas passando pelo Salkantay, que é um dos picos nevados mais altos da região. Nós percorremos a Rota que entra pelo km82 (Piscacucho), com pernoites em Huayllabamba, Pacaymayo e Wiñay Wayna.

As opções também variam conforme o número de dias que se quer para percorrer a trilha. Nós fizemos em 4 dias, acampando 3 noites, mas há que acampe em apenas 1 ou 2 noites - aí evidentemente os preços baixam um pouco. Nossa opção levou em conta, primeiro, o fato de ter mais tempo para tirar fotos e conhecer as outras ruínas que existem no caminho, antes de Machu Picchu, e em segundo lugar, o esforço físico que se exige numa Trilha mais rápida.

Na verdade, não fizemos opções exatas antes de compreender como funcionavam as coisas, perguntando nas agências de turismo. Percorremos várias, e aos poucos percebemos que pouca coisa variava, até porque muitas pareciam só fachada para operadores maiores.

As ruas pelas quais se procuram agências são como as da foto abaixo - não se assuste!

Já estávamos conformados com a idéia de ter que esperar pelo menos 3 dias em Cusco até sairmos, porque a informação era a de que esse era o tempo mínimo que levava para encaminhar a documentação, inclusive com desconto para estudante. Na época, os preços variavam em média entre 180 e 130 dólares pela trilha de 4 dias.

Lá pelas tantas, estávamos sentados na Plaza de Armas e um sujeito se apresentou como guia de turismo e perguntou se não tínhamos interesse em ir no dia seguinte para a Trilha. Perguntamos como e ele disse que, como era corriqueiro na região, a agência dele comprava entradas a mais para a Trilha em nome de turistas que já tinham ido outras vezes e vendiam de última hora.

Desconfiamos, mas decidimos averiguar se tinha como arriscar. Fomos até a agência e conversamos com o pessoal, que nos garantiu que poderíamos fazer a Trilha numa boa com nomes de outras pessoas. Se alguma coisa acontecesse, o máximo que fariam seria multar a agência, jamais mandar o turista de volta.

Negociamos bastante o preço e acabamos fechando por US$ 135 para cada um.

O pacote incluía deslocamento de van até a entrada da trilha, 3 pernoites em barracas para 4 pessoas montadas e desmontadas pelo pessoal da agência, café da manhã, almoço, lanche e janta todos os dias de trilha, entrada no Parque Nacional, pernoite em hotel de Aguascalientes (depois de Machu Picchu) e retorno de trem até Cusco. A barraca, o isolante térmico e os utensílios de comida eram por conta deles; nós tínhamos que levar só o saco de dormir e coisas de uso pessoal.

Já antecipo que tudo o que foi prometido foi cumprido. Um único problema que surgiu foi que não estava incluído o trecho de ônibus entre Ollantaytambo (onde parava o trem que vinha de Aguascalientes) e Cusco, mas quando chegamos na cidade reclamamos e eles nos indenizaram o preço dessa passagem extra (cerca de R$ 5 por pessoa).

E assim foi. Chegamos em Cusco num dia e no dia seguinte estávamos fazendo a Trilha, sem qualquer reserva. Eu viajei com o nome de um inglês, outro também, e outros 2 com nomes noruegueses.

OBSERVAÇÕES: hoje em dia, não recomendo que ninguém faça o que fizemos, porque parece que a coisa está mais profissional e há mais controle. O ideal é reservar com antecedência, usando internet e telefone, para não pagar mico em Cusco. Nada como viajar tranqüilo e em seu próprio nome.

Pesquise bastante. Há muita oferta e os serviços são parecidos.

Outra dica é negociar muito. Seja chato. Diga que brasileiro é tudo pobre e não tem como pagar tanto, que você está num grupo grande, que viu preços mais baratos, que não está tão afim assim, etc. Vale a pena. No nosso grupo, descobrimos que dois belgas pagaram US$ 275 cada um para ter o mesmo serviço que nós (e eles ainda insistiram em levar a própria barraca). Na média, o pessoal pagou cerca de US$ 180, enquanto que nós ríamos à toa com aqueles US$ 135.

Seja generoso na gorjeta aos porteadores no último dia de viagem. Você vai aprender a valorizar o trabalho dos caras, que fazem todo o "serviço sujo" com uma rapidez incrível naquelas altitudes. É um pessoal muito humilde, mas muito trabalhador, que fica apenas com alguns trocados do que as agências faturam.

Comentários

Anônimo disse…
qro fazer isso tbm....
AMigo, Este limite de 500 por dia é só para a trilha inca ne? para ir de trem a machu pichu nao tem limites ne?
' disse…
Blog muito bom! Parabéns!
Unknown disse…
Parabéns!
Primeiramente parabenizo pelo trabalho que fiz em ajudar aos brasileiros que desejem conhecer Machu Picchu, quem escreve é um amante da cultura brasileira e graças a deus já teve a sorte de morar no Brasil por um bom tempo, agora voltei ao Peru – Cusco para montar a nossa operadora de viagens somente para os brasileiros que desejem conhecer a nossa historia e cultura com guias locais e conhecedores do idioma português.
Gente se alguém esta precisando de dicas e recomendações dos outros destinos do Peru como Lago titicaca, puno, Arequipa, Nazca, Paracas, trujillo, Huancayo, fico a sua disposição para ajudar;lhes sem nenhum compromisso e assim eu poderia contribuir a que muita gente venha a visitar esta terra maravilhosa herdada por um cultura milenar. visitem nosso site > http://www.viagensmachupicchu.com.br

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