Descendo até Aguas Calientes

Após decidirmos que já era hora de ir embora das ruínas de Machu Picchu, o Leonardo, o Diego e eu buscamos nossas mochilas no portão de entrada e começamos a descer para Aguas Calientes pela estrada "Hiram Bingham", que é esse zigue-zague que aparece na foto abaixo.
A descida leva quase uma hora e é bastante cansativa para os joelhos, em razão do peso da mochila e do cansaço. Para ir mais rápido, o melhor é cortar caminho pelo meio da vegetação, entre uma reta e outra. Na maior parte do trecho, formaram-se trilhas no mato, havendo inclusive escadas para as partes mais íngremes.

Chegando lá embaixo, às margens do Rio Urubamba, há uma grande placa de boas vindas ao Parque Nacional onde fica Machu Picchu. Para atravessar o rio, há duas pontes - uma para veículos, pela qual passam os ônibus que sobem até as ruínas levando os turistas que chegam de trem, e outra para pedestres (foto).
Depois da ponte, segue-se pela estradinha costeando o rio por cerca de 3km, até o povoado de Aguas Calientes.

Esse povoado tem o nome oficial de "Municipalidad Districtal de Machu Picchu", mas é conhecido pelo nome "Aguas Calientes" tanto para não confundir com as ruínas propriamente ditas como pelo fato de que, na cidadezinha, há um balneário de águas termais. Foi formado logo em seguida à redescoberta de Machu Picchu para servir como base de apoio para os trabalhos no sítio e como ponto final da ferrovia que vem de Cusco.

O rio faz muito barulho ao longo de quase toda a estrada e ao lado da própria cidade, tornando o lugar muito diferente de qualquer outro que já vi.

As poucas casas que existem no local espremem-se entre altas montanhas, o rio barulhento e a estrada de ferro que corta o povoado. Praticamente não há carros, pois não há estrada dali para outros lugares - só ferrovia. A "rua" mais importante da cidade, com vários restaurantes, cibers e albergues é justamente a linha do trem. Quando algum passa, o povo abre caminho e depois retoma os trilhos como se fosse só um ônibus que tinha passado.
Conforme combinado anteriormente, encontramos o guia e o resto do grupo num restaurante ao lado do rio, para recebermos a indicação do hotel onde ficaríamos e as passagens de trens.

Aproveitamos para almoçar. Tudo é muito caro no lugar. Lembro que pagamos uns 30 reais por uma pizza feita num forno acendido com jornal, depois de muita dificuldade. A pizza ficou a desejar, mas não havia muita opção àquela hora da tarde.

Fomos com o guia até a estação de trem para comprar as passagens. Estrangeiros estão proibidos de usar o trem até Cusco pagando o preço que os locais pagam. Tem que mostrar identificação e pagar o preço de turista para viajar no trem. No caso, isso já estava incluso no pacote da Trilha, por isso precisávamos só acompanhar o guia e emitir as passagens. (Mais informações no site de turismo da cidade, clicando aqui.)

Em seguida, fomos para o hotel. Ficava bem numa esquina da praça central (e única) da cidade. Os quartos tinham o tamanho mínimo para que coubessem quatro camas. Chegava a ser difícil passar de um lado para o outro, mas tinha um aspecto bem limpo.

Deixamos as coisas, pegamos uma mochila menor e fomos até as águas termais, sobre as quais já tínhamos nos informado com os locais. Para chegar lá, basta atravessar a praça e tomar uma rua que sobe em direção às montanhas. Alguns metros depois, vê se a entrada, à esquerda, para os baños termales.

Pagamos algo em torno de R$5,00 para entrar. Ao contrário do que imaginávamos, o lugar praticamente não é freqüentado por turistas (pelo menos naquele dia). Vale muito a pena, para relaxar. É bem legal a sensação de estar em piscinas de pedra quentinhas com montanhas cheias de neblina ao redor, inclusive com riachos de água (provavelmente gelada) fazendo barulho. Há algumas bem quentes mesmo. Só tem que tomar cuidado para não baixar demais a pressão e para não se resfriar quando sair da água.

Depois de algumas horas lá, voltamos para o centrinho da cidade e tiramos um tempo para comprar presentes nas banquinhas que se estendem ao longo da estradinha de entrada na cidade, as quais tínhamos visto quando chegamos a pé.

À noite, jantamos num restaurante que vimos quando fomos para os banhos termais e depois passamos naquela "rua" da foto para telefonar para casa e para parar num barzinho.

Na hora de voltar para o hotel, a surpresa: sabe-se lá por que motivo, um helicóptero trazendo uma autoridade pousou na praça central. Depois de uns discursos, começou a distribuição de comida grátis para o povão e um bailão de rua. Ficamos ali só curtindo o festerê. Não demorou muito para já começarmos a ver os primeiros caindo de bêbados.

Como o hotel era ao lado da praça e a janela do quarto dava diretamente para ela, não tinha como dormir com o barulho do baile. Só depois de algum tempo, ajudados pelo cansaço e pela boa sensação de dormir numa cama de verdade depois de 3 dias acampando, conseguimos pegar no sono.

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