3º Dia na Trilha Inca
Acordamos um pouco mais tarde na manhã do terceiro dia de trilha, por volta das 8hs. O café da manhã já estava servido e em seguida estávamos caminhando novamente.
O terceiro dia se destaca por uma forte subida no início, até o Paso de los Venados; depois, um trecho sinuoso, mas relativamente plano, finalizando com uma forte descida.
A primeiva visão que se tem do dia é parecida com aquela que se teve do Warmiwañuska: o acampamento de Pacaymayo lá embaixo, em meio às montanhas, com riachos descendo em vários pontos, como na foto ao lado.
No alto dessa primeira subida, há um pequeno conjunto de ruínas chamado de Runkurakai. O guia explica que se tratava de um ponto de apoio para os viajantes incas que percorriam aquele caminho.
A Trilha Inca, na verdade, aproveita trechos de 3 caminhos incas que ligavam pontos do Vale Sagrado a Cusco, capital do Império. Como não havia qualquer tipo de veículo e não eram usadas carroças - apenas lhamas -, a largura da trilha era apenas o suficiente para uma pessoa ou um animal passar.
Das ruínas de Runkurakai, já se vê o Paso de los Venados, que tem alguns laguinhos, como o da foto abaixo. Em dias mais frios, esses lagos congelam. Quem acorda mais cedo, às vezes vê veados tomando água no lugar; daí o nome.
Logo depois do Passo, começa um trecho bem sinuoso, com escadarias alternando com trechos de pedra mais planos. Há até alguns arcos de pedra que se tem que passar por dentro, como pequenos túneis de partes em que há inclinação negativa das montanhas.
Não demora muito tempo e já se chega a Sayaqmarca, outro conjunto de ruínas. Estas tinham finalidades religiosas (culto ao Sol), além de também servir de abrigo a viajantes. Há traços que permitem observar rudimentos de encanamentos d'água e a forma como as paredes eram construídas para evitar desmoronamentos em caso de terremotos.
O trecho mais próximo a Sayaqmarca é um dos mais perigosos da trilha, em razão da sua pequena largura nesse ponto. A chuva fininha não ajudava muito.
Em seguida, fizemos a parada para o almoço, com uma longa pausa para fazer a digestão.
Retomando a caminhada, passamos por muitos trechos com escadarias. Não há praticamente nenhuma parte de chão batido nesse trajeto, é só pedra mesmo, num trecho que costeia montanhas e chega a dar vertigem. Há uma longa subida, mas lenta e gradual.
O próximo conjunto de ruínas que aparece é Phuyupatamarca, maior e mais completo do que os anteriores. Esse tinha finalidades quase que exclusivamente religiosas e acaba sendo o lugar onde o guia explica bastante sobre a religião inca, que cultuava especialmente o Sol, a Serpente, o Puma e o Condor.
Nessas ruínas, podem ser vistos grandes canais de água passando por praticamente todos os cômodos das habitações, bem como alguns terraços para plantio de hortas e ervas medicinais.
Depois dessas ruínas, o tempo firmou. Começou, então um trecho de fortes descidas, por escadarias que exigiam tanto dos joelhos como aquelas do dia anterior.
A vegetação começa a reaparecer mais exuberante à medida que se desce. Há um ponto em que novamente se avista o Rio Urubamba e a estrada de ferro, bem lá embaixo. Uma sensação de que já se está chegando perto de Machu Picchu é inevitável, dada a semelhança da paisagem com aquela que geralmente se vê nos cartões postais daquele lugar.
Um pouco antes de chegarmos lá, o guia já tinha avisado que haveria uma bifurcação. De um lado, se poderia descer até as ruínas de Wiñay Wayna (detalhe na foto abaixo). Do outro, para o acampamento de mesmo nome, onde seria dormida a terceira noite.
A descida até o acampamento é de chão batido, em ziguezague. Não faz parte da Trilha propriamente dita, mas foi feito para ter acesso ao lugar onde há uma certa infra-estrutura para acampar. O ziguezague pode ser evitado cortando pelo meio, através da vegetação.
Ao chegarmos, conseguimos finalmente tomar banho, depois de uma longa fila de espera.
É o acampamento mais lotado e as barracas acabam ficando bem próximas umas das outras. Há um restaurantezinho e inclusive um bar, que tem até cerveja, coisa que não víamos a 3 dias. O preço faz jus à distância: cerca de R$ 6,00 cada long neck, já naquela época.
A janta da noite, por ser a última e a primeira do ano-novo, seria especial, segundo o guia. Acabou sendo a mais sem graça: chuchu recheado com carne moída. Um vinhozinho de caixinha tetrapac para descer.
Nessa noite, também foi o momento de fazer uma caixinha para dar gorjeta aos porteadores.
Logo formos dormir, pois a idéia era sair bem cedinho para Machu Picchu.
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Abraço!