Barcelona - parte I

AEROPORTO

A primeira impressão que se tem de Barcelona não é boa. O aeroporto de El Prat, ao contrário de Barajas, é velho, tem muitas partes mal cuidadas e, no dia, parecia super-lotado e confuso de tanta gente.

Assim que pegamos nossas mochilas naquela esteira que mais parecia do tempo da guerra, cumprimos o ritual de primeiro procurar os postos de informações turísticas para recolher material como mapas, guias e dicas de descontos. Em seguida, fomos atrás do lugar onde se comprava os tickets para o transporte público.

Em Barcelona, o sistema funciona mais ou menos como em Madrid. Existe o metrô propriamente dito, na cidade, e os cercanías (trens de superfície metropolitanos ao redor). Pode-se usá-los indistintamente dentro da área para o qual o passe comprado é válido. Para mais informação, vá direto ao site dos Transports Metropolitans de Barcelona (TMB)

Para turistas, existem também opções promocionais que podem ser adquiridas para um determinado número de dias, sem limite de viagens.

O de 4 dias custa, atualmente, 18,30 euros, segundo o site. A ida do aeroporto até a cidade está inclusa no âmbito de validade do ticket.

Com o material turístico e as passagens na mão, tratamos de comer alguma coisa, a título de almoço. O melhor lugar que encontramos foi uma lanchonete chamada "Pans & Cia", que depois descobriríamos ser uma das redes mais famosas da região.

O sistema é parecido com o do McDonald's, mas ao invés de hamburger, o prato principal são baguetes com produtos típicos da Espanha. Há baguetes com atum, com jamón serrano, com queijos finos, com sardinhas, com salame, uns estilo margherita, outros com bacon, e por aí vai. O menu completo geralmente vem com uma salada tipo Caesar ou então com batata frita, à escolha do freguês, mais um refrigerante ou suco. Pegamos com salada e de tipos diferentes de sanduíche. É muito bom. Mata a fome (às vezes nem dá para comer inteiro), aparenta ser bem mais saudável do que um hamburger ou um kebab (os ingredientes parecem fresquinhos), é gostoso e não sai tão caro: tipo 6 euros o menu completo.

TRANSPORTE PÚBLICO

Satisfeitos, saímos do aeroporto seguindo as placas que indicavam a estação de trem metropolitano até o centro. Estava tudo meio em obras do lado de fora e foi meio difícil encontrar. Depois de uma pernada, chegamos.

O trem não era dos melhores. Estava cheio de gente, era bem velho e até meio sujo.

Como eu falei no início, Barcelona não causa uma boa impressão a quem chega. O percurso até o centro é de assustar: um subúrbio decadente, cheio de fábricas com jeito de abandonadas, com pichações por todos os lados, gente andando nos trilhos, casas bem feias, com roupa estendida pra fora, e aquela constelação de antenas parabólicas típica de conjuntos habitacionais.

De acordo com o mapa, tínhamos que descer do trem e pegar um metrô na Estació Sants, como a maioria dos turistas que chegam na cidade:

Da Estació Sants, pegamos a linha 3 (verde), no sentido Canyelles, até a estação Paral-lel, perto da esquina da Carrer de Sant Pau, onde ficava nosso albergue.
O metrô também não é como o de Madrid. Os trens são mais detonados e as estações bem mal-cuidadas, cheias de vazamentos d'água e com bem mais mendigos pedindo dinheiro, vendendo ou tocando algum instrumento.
EL RAVAL

Mais uma vez, estávamos prestes a encarar uma cidade pela primeira vez na saída de uma escadaria de uma estação de metrô - sempre uma sensação emocionante, na minha opinião.

O que vimos, de cara, foi uma avenida bem movimentada e larga (a Avinguda del Paral-lel) e uma cidade muito bonita e arborizada, num estilo bem diferente daquele de Madrid, Toledo ou Ibiza. Algo que, na minha cabeça, parecia mais com a França.

Encontrar a nossa rua de destino também não foi fácil dessa vez. Depois de alguns minutos procurando, encontrei uma placa que dizia "Sant Pau" e disse: "é por aqui mesmo!".

Andamos uma três quadras e comecei a ver que nenhuma das ruas que faziam esquina com a que estávamos andando se parecia com aquelas pelas quais tínhamos que passar para chegar no albergue, segundo o mapa e a informação no voucher de reserva. Paramos, pensamos, e descobrimos o motivo: estávamos na Ronda de Sant Pau, e não na Carrer de Sant Pau!!! Por uma sacanagem dos urbanistas de Barcelona, as duas ruas desgraçadas fazem esquina uma com a outra, embora tenham o mesmo nome, e justamente na frente da estação de metrô pela qual chegamos.

Detectado o erro, o mais lógico seria voltar. Mas não! Quisemos cortar caminho e nos enfiamos numas ruazinhas estreitas cheias de uns prédios que mais pareciam uns cortiços bem suspeitos para chegar até o nosso albergue. Acertamos o caminho, mas teve um momento em que jurei que um bando de gurizinhos com cara de marroquinos iriam "brincar" de pickpocket conosco...

Viemos acompanhando a numeração dos prédios desde que chegamos na esquina da rua que procurávamos. Achamos o número do prédio e, como vimos alguém saindo, aproveitamos e pegamos a porta aberta para entrar.

Subimos uns 3 lances de escada com aquelas mochilas nas costas, até que chegamos numa portinha com um adesivo com o nome do nosso albergue. Já estávamos putos da cara com o naipe do prédio e do lugar do albergue (tudo muito velho) quando tocamos a campainha, e nada. Tocamos de novo, e nada. Não se ouvia nenhum barulho.

Eu disse então ao Rafael que esperasse lá em cima com as mochilas que eu iria tentar tocar o interfone lá embaixo para ver se alguém abria. Quando cheguei na porta, olhei para fora e vi uma mega placa com o nome do albergue ao lado, no térreo. Era no mesmo prédio, mas só que na parte da direita; à esquerda ficavam só apartamentos residenciais. Nunca entendi porque diabos tinha um adesivo com o nome do albergue num deles.

Subi até lá em cima para pegar a minha mochila e chamei o Rafael de volta. Ô pernada à toa e chegada cansativa!!!

Comentários

Anônimo disse…
Poxa, o amadorismo de vocês colocou tudo a perder. O que deveria ser uma viagem, no mínimo, altamente cultural, tornou-se só quebração de cara. Quer beleza, sofisticação e curtição? vá pra Ibiza.
Anônimo disse…
kkkk, amadores msm.Nao tem o espirito do verdadeiro mochileiro.

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