Sensação de insegurança


Até hoje, já visitei 4 países que eram comunistas até o final da década de 80: República Tcheca (essa vez em Praga), Eslováquia (uns dias depois, quando passei um dia em Bratislava), Eslovênia (passei 2 dias em Ljubljana, na semana seguinte) e Polônia (quando só fiquei algumas horas de uma tarde, em 2007, numa cidadezinha de fronteira chamada Słubice).

Com exceção da Polônia, nesse último ano, em todos os outros a primeira impressão que tive foi negativa, de um certo medo, uma certa insegurança. Na minha cabeça, relaciono isso a esse mistério que ainda hoje existe sobre o “Leste Europeu”, ao medo da polícia desses países ex-comunistas, conhecida por ser burocrática e corrupta, bem como aos freqüentes alertas sobre golpezinhos e pequenos furtos cometidos por ciganos (que se concentram mais nesses países do Leste do que em qualquer outra região).

Está certo que os trens muitas vezes caindo aos pedaços não ajudam muito a mudar essa impressão inicial, mas hoje em dia não há mais muitos motivos para tomar precauções extras quando se visita esses lugares. Avisos de “pickpockets na área” existem em qualquer lugar, tanto em Praga como no topo da Torre Eiffel e no metrô de Copenhague. Quase todos esses países são membros da União Européia, o que significa que você não está mais numa “terra de ninguém” e que não existe mais a possibilidade (teoricamente) de você ir preso numa salinha com dois caras de sobretudo te interrogando (teoricamente).

Com relação à Rússia e à Bielorússia (onde nuca estive!) não ponho minha mão no fogo, até porque muita gente fala de alguns abusos em nome da burocracia ainda de praxe por lá, mas com relação a esses países da “Europa Central” (Rep. Tcheca, Hungria, Eslováquia, Eslovênia, Polônia, Croácia), que é como eles preferem ser chamados, ao invés do genérico “Leste Europeu”, dá para ficar bem tranqüilo e aproveitar sem stress. É mais fácil ser extorquido pela máfia (e isso um amigo meu foi há apenas alguns meses atrás) no sul da Itália ou ficar retido num aeroporto de Londres ou Madrid para averiguações, sem comida, do que enfrentar algum problema mais sério por ali.

Só não dá para dar sorte ao azar, deixando de tomar cuidados básicos como carteira no bolso da frente, ter sempre documentação junto consigo, pagar as passagens no transporte público ainda que a sensação de impunidade seja instigante a fazer o contrário, passar um cadeado no locker, etc. Conheço mais gente que já teve coisa roubada por outros mochileiros em albergues ou malas perdidas por companhias aéreas do que gente que foi assaltada ou furtada em qualquer rua da Europa.

Com relação aos mendigos, acho até que os tchecos são mais interessantes. Ao invés de te abordarem para pedir dinheiro, eles ficam ajoelhados, com a cabeça no chão, escondendo o rosto, mas com as mãos levantas, como se tivessem vergonha de estarem pedindo alguma coisa – não ficam te pedindo um cigarro e para ler a mão como os ciganos que abordam turistas na França ou na Itália.

Uma coisa é certa: quem (sobre)vive no Brasil está preparado para muita coisa nesse mundo...

Comentários

Camila Elisa Schütz disse…
Li este post só hoje, pois estava procurando informações sobre Pagra.
Muito interessante e adorei a frase final... realmente que vive no Brasil está preparado pra quase tudo, pois convivemos diariamente com o perigo nas grandes cidades, além de que nós brasileiros estamos acustumados em ter que correr atrás de meios de locomoção, já que os trens são raros e não ligam muitas cidades. Enfim... o jeitinho brasileiro e nosso jogo de cintura nos salva muitas vezes.

Parabéns pelo blog !!
Francisco disse…
Amigo, por acaso vc lembra se havia lockers na estação de trem de Bratislava. É que pretendo ir de Budapeste a Praga com uma paradinha de uma tarde em Bratislava.
A. A. Cella disse…
Lockers, não. Mas guarda-volumes daqueles que tu entrega a mochila p um velhinho e fica com um recibo, acho que sim. De qualquer forma, boa sorte! Melhor aprender alguma coisa em eslovaco, hehehe

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